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Crianças negras têm direito a uma escola com representatividade e acolhimento

28 de março, 2017

por Sinara Gumieri

Publicado originalmente no Portal Justificando

Para crianças negras, a escola, que deveria ser um espaço de acolhimento e aprendizado, pode ser onde se conhece o racismo. Foi assim para uma menina de 4 anos, que frequenta uma creche pública em Samambaia Sul, no Distrito Federal. Há poucos dias, a criança chegou chorando em casa, e contou para a mãe que a monitora da escolinha não quis lavar seu cabelo, dizendo que era duro. A menina anda entristecida com a ideia de voltar às aulas, pedindo que lhe alisem os cabelos, enquanto sua mãe luta para que a filha seja tratada com respeito.

Em uma escola de São Paulo, houve há pouco uma história parecida, mas com desfecho muito mais feliz. A menina negra contou à professora, Ana Bárbara Ferreira, que estava triste por ouvir de um colega que seu cabelo crespo era feio. A professora, também negra, disse muito o quanto a menina era linda e forte para não ligar para os insultos. Mas só foi realmente ouvida no dia seguinte, quando chegou à escola usando o mesmo penteado que a aluna. A menina então se reconheceu, dizendo à professora:  “hoje estou linda igual a você”.

Escolas são espaços de poder. Ensinam matemática, português, geografia e história, mas também tem o dever de ensinar igualdade. Para isso, profissionais sensíveis não são suficientes. A diversidade dos corpos importa. É difícil ser o que não se vê: a aluna de Ana Bárbara só se viu bonita e acolhida quando se identificou com a beleza de sua professora. Igualdade exige representatividade.

Como garantir que histórias como as da professora Ana Bárbara e sua pequena aluna não sejam exceções? Com cotas universitárias para estudantes negras e indígenas. Implementando a Lei 10.639/2003 que estabelece diretrizes curriculares para estudo da história e da cultura afro-brasileira e africana nas escolas. Levando a sério o compromisso constitucional da educação com a igualdade e a cidadania.

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